No texto “O inconsciente”, Freud (1915) determina as propriedades do inconsciente, são elas: amoralidade (não julga certo ou errado), atemporalidade (os registros realizados ao longo do desenvolvimento do sujeito não são armazenados de acordo com uma ordem cronológica), regido pelas suas próprias leis (via deslocamentos e condensações das representações dos conteúdos recalcados e compulsão a repetição).

Em “Observações sobre o amor transferencial, Freud (1915) apresenta os pressupostos básicos que fundamentam a prática da psicanálise, são elas: associação livre, neutralidade, estudo, supervisão, análise pessoal. 

A associação livre consiste em esclarecer ao paciente que durante a sessão deve falar tudo que vier a sua cabeça, mesmo que pareça não ter sentido algum, conteúdos que podem gerar vergonha ou culpa. 

Já a neutralidade do analista diz respeito a ser um espelho para o paciente e não transmitir a ele nada além do que ele mesmo disse e, talvez, não tenha escutado, para que o paciente consiga repetir, recordar e elaborar os conteúdos traumáticos que surgem na sessão pela via da associação livre.

O estudo pessoal é necessário ao aprimoramento da teoria que se constrói junto a prática clínica do analista. Salienta-se que teoria psicanalítica se deu por meio da corrente filosófica estruturalista de pensamento, o qual considera que uma teoria deve ter embasamento em um conhecimento já pré-estabelecido, como por exemplo, a mitologia, tão utilizada por Freud.

A supervisão refere-se ao analista ter a possibilidade de, no encontro com um psicanalista mais experiente, aperceber conteúdos importantes que escaparam a sua escuta ao longo da sessão, criação de hipóteses ao tratamento e definição de uma conduta.

 Por fim, a análise pessoal é de fundamental importância, visto que a análise do paciente vai somente até onde foi a do seu próprio analista. Compreender os próprios conflitos internos auxiliam o analista a determinar quais casos é capaz de aceitar receber e tratar adequadamente.

Pode-se utilizar como metáfora ao funcionamento inconsciente a atividade de uma represa, dado que o inconsciente é constituído de energia sexual bem como em uma represa é armazenado um quantum de água. Na represa, ao atingir certo limite, as comportas devem ser abertas para o escoamento de água, bem como a energia sexual do inconsciente quando ultrapassa certo limite e necessita descarga.

Porém, a energia sexual excessiva (desprazer) que ultrapassa a barreiras dos sistemas surge como retorno do recalcado, ou seja, um sintoma, defesa a descompensação, que pode ser identificado no sujeito através de somatizações, pela compulsão a repetição ou adições. 

Caso o sujeito seja dotado de suficientes recursos de simbolização, pode transformar o excesso pulsional, pela via da sublimação, em algo que é reconhecido pelo campo social, como a arte, recurso esse que Freud em “Mal-estar da civilização” (1929) apresenta como o menos penoso ao sujeito.

Além dessas possibilidades, a descarga deliberada libidinal pode também levar o sujeito a uma cisão, ou seja, a psicose e consequente fragmentação do Eu. 

Freud (1924) assegura que perante a transferência com o paciente, o analista ocupa o papel de um representante psíquico singular, portanto, é necessário estar atento ao lugar que se está ocupando e não responder da forma esperada, por exemplo: uma figura parental que julga, seduz, agride etc. 

É sabido que ao procurar ajuda, o paciente encontra-se em sofrimento e fragilizado, é importante compreender quando o paciente se depara com lembranças e conteúdos dolorosos, a regressão quase sempre se faz presente, processo de fundamental importância para que haja a possibilidade do sujeito ser acolhido de modo diferente e mais eficaz de no passado e assim, ressignificar as experiências traumáticas.